Instrumentos de Hedge: Como as Instituições Financeiras Utilizam na Prática Segundo a IFRS 9

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A adoção da norma IFRS 9 representou um marco significativo para a contabilização de instrumentos de hedge, especialmente nas instituições financeiras. Essa norma trouxe uma abordagem mais alinhada à gestão de riscos, permitindo que as entidades reflitam de forma mais fiel suas estratégias de mitigação de riscos financeiros.

Neste artigo, vamos explorar em detalhes o conceito de instrumentos de hedge, seus objetos de hedge e como as instituições financeiras aplicam a IFRS 9 para garantir maior transparência e eficácia nas operações.

O Que São Instrumentos de Hedge?

Os instrumentos de hedge são contratos financeiros, derivativos ou não derivativos, que as instituições utilizam para proteger-se contra variações adversas no valor justo ou nos fluxos de caixa de determinados ativos ou passivos.

Entre os principais instrumentos utilizados pelas instituições financeiras, destacam-se:

  • Contratos futuros
  • Swaps de taxa de juros
  • Opções
  • Contratos a termo de câmbio

Importante notar que, conforme a IFRS 9, até mesmo instrumentos financeiros não derivativos podem ser classificados como instrumentos de hedge, desde que sejam destinados à proteção de risco cambial em investimentos líquidos no exterior.

Objetos de Hedge de Acordo com a IFRS 9

Já os objetos de hedge são os itens cujos riscos estão sendo mitigados. Segundo a IFRS 9, as instituições financeiras podem definir como objeto de hedge:

  • Ativos e passivos financeiros;
  • Compromissos firmes;
  • Transações previstas altamente prováveis;
  • Investimentos líquidos em operações no exterior.

Além disso, a norma permite que tanto um único item quanto um grupo de itens com características semelhantes e riscos comuns sejam designados como objeto de hedge. Essa flexibilidade favorece uma gestão de riscos mais robusta e personalizada.

Tipos de Hedge Reconhecidos pela IFRS 9

A IFRS 9 classifica a contabilização dos instrumentos de hedge em três principais categorias:

  1. Hedge de valor justo: Protege contra alterações no valor justo de ativos ou passivos reconhecidos.
  2. Hedge de fluxo de caixa: Visa reduzir a volatilidade dos fluxos de caixa futuros.
  3. Hedge de investimento líquido no exterior: Protege contra variações cambiais em investimentos estrangeiros.

Cada tipo de hedge possui regras específicas de contabilização e requer atenção para garantir sua eficácia e conformidade com a norma.

Requisitos de Efetividade do Hedge

Para que um relacionamento de hedge seja reconhecido sob a IFRS 9, é fundamental atender a alguns critérios essenciais:

  • Relação econômica clara entre o objeto de hedge e o instrumento de hedge.
  • O risco de crédito não pode impactar significativamente a relação de hedge.
  • A designação formal da operação deve estar alinhada à estratégia de gestão de riscos da instituição.

Além disso, a norma introduziu o conceito de hedge ratio, que define a proporção ideal entre o instrumento de hedge e o objeto de hedge. Esse ajuste é necessário para evitar cenários de superproteção ou subproteção, garantindo uma relação econômica sólida.

Teste de Efetividade e Documentação

Diferente da norma anterior (IAS 39), que exigia um intervalo estrito de 80%-125% para a efetividade do hedge, a IFRS 9 trouxe maior flexibilidade. Agora, o foco é garantir que o hedge ratio reflita adequadamente a relação econômica entre os elementos.

As instituições financeiras devem realizar testes de efetividade de forma prospectiva e retrospectiva, documentando e revisando periodicamente suas estratégias. Essa prática reforça a necessidade de transparência e controle sobre os instrumentos de hedge utilizados.

Vantagens da IFRS 9 para a Gestão de Instrumentos de Hedge

A IFRS 9 trouxe benefícios importantes para as instituições financeiras que utilizam instrumentos de hedge, como:

  • Maior alinhamento entre a contabilidade e a gestão de riscos reais;
  • Flexibilidade na designação de objetos e instrumentos de hedge;
  • Exigência de documentação robusta, garantindo mais governança e controle;
  • Melhor transparência nas demonstrações financeiras.

Essa evolução normativa permite que as empresas captem de maneira mais fiel os efeitos econômicos das suas estratégias de proteção contra riscos financeiros.

Conclusão

Os instrumentos de hedge desempenham um papel estratégico nas instituições financeiras, permitindo mitigar riscos e promover maior estabilidade nas operações. A IFRS 9 veio para modernizar a forma como esses instrumentos são contabilizados, alinhando as práticas contábeis à realidade das estratégias de gestão de risco do mercado.

Para as instituições, entender e aplicar corretamente a IFRS 9 não é apenas uma exigência regulatória, mas também uma oportunidade de fortalecer a governança financeira e garantir operações mais seguras e eficientes.

Se a sua instituição busca aprimorar a gestão dos instrumentos de hedge, revisitar as diretrizes da IFRS 9 pode ser o caminho para alcançar maior eficácia e transparência.

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Escrito pelo Samy Sayed, Doutor, Mestre e Bacharel em Ciência Contábeis pela FEA-USP, FSA Credential (L1) – IFRS Foundation e Coordenador Técnico da FBM Educação.

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